FABIELE FORTALEZA
“Fazer a mamografia anualmente é a melhor decisão
que uma mulher pode tomar. Em um determinado momento da minha vida me descuidei
muito”, diz a professora Vera Lucia Balielo, 62, que retirou, no ano passado, a
mama esquerda. Hoje (5) “Dia Nacional da Mamografia”, o depoimento de Vera
serve como um alerta para as mulheres que deixam de visitar o
ginecologista/mastologista com frequência.
O câncer de mama é a primeira causa de morte de
mulheres por tumor no País. Entre os óbitos por doenças em geral no sexo
feminino, perde apenas para os problemas cardiovasculares, como infarto e
acidente vascular cerebral (AVC).
De acordo com um relatório mundial sobre câncer de
mama, até o fim de 2012 em todo o planeta foi registrado mais de 1,6 milhão de
casos, contra 640 mil na década de 1980. Em três décadas o número mais que
dobrou.
Vera descobriu seu tumor em um estágio avançado da
doença. O tratamento começou com um processo de oito meses de quimioterapia.
Logo após, Vera se submeteu a uma cirurgia para a retirada do quadrante. No
entanto, meses depois os médicos a aconselharam realizar a retirada total da
mama. Em seguida começaram as sessões de radioterapia.
Segundo a professora, o choque inicial é a parte
mais difícil. Contudo, em uma história sempre há dois lados, o ruim e o bom. É
importante conseguir enxergar todos os ângulos de uma situação.
“A vida quando nos impõe certas situações também
nos faz vivenciar coisas boas. Durante esses dois anos de tratamento eu me
descobri mais como mulher. Organizei melhor minha vida e repensei em tudo que
vivi até hoje. Nunca rejeitei a doença. Aprendi a conviver com ela e ao mesmo
tempo lutar contra ela”, revela.
Vera ainda está em tratamento para recuperação
total do sistema imunológico. Além disso, a professora aguarda pela
reconstrução da mama, que deve acontecer nos próximos meses.
“Tenho certeza que no próximo semestre estarei
totalmente recuperada. É apenas uma questão de tempo. Os medicamentos que tomei
eram muito fortes. Além do meu cabelo e cílios, minhas unhas também caíram”,
relata a professora.
De acordo com especialistas, acompanhamento
psicológico e apoio familiar ao paciente detectado com câncer são
indispensáveis para obter bons resultados no quadro clínico.
A mamografia é um exame de diagnóstico por imagem
que permite a detecção precoce do câncer, ao mostrar lesões em fase inicial,
muito pequenas. A mamografia deve ser realizada a cada dois anos por mulheres
entre 50 e 69 anos, ou segundo recomendação médica, de acordo com informações
do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
ACC discute saúde
da mulher no mês de março
Ontem (4) foi comemorado o “Dia Mundial do Câncer”.
De acordo com informações apuradas pelo Diário, nenhuma ação foi realizada para
lembrar a data em Marília. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde
(OMS), Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Ministério da Saúde, cerca de 14
milhões de novos casos de câncer surgirão em 2014 em todo o mundo. No Brasil
serão registrados 580 mil casos.
Os órgãos ainda apontam que, se não forem tomadas
medidas de longo prazo e largo alcance, a projeção para o ano de 2030, segundo
a OMS, é de 22 milhões de casos novos e 17 milhões de mortes por ano no mundo.
Países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, serão os mais afetados.
Segundo Elaner de Almeida Marques, presidente da
Associação de Combate ao Câncer (ACC) de Marília, um estudo está sendo
encomendado para analisar a incidência da doença em Marília. Além disso,
durante todo o mês de março, será desenvolvido um calendário especial para a
saúde da mulher.
“Já que em março comemoramos o Dia Internacional da
Mulher, resolvemos preparar um calendário com diferentes ações sobre a saúde
feminina. O foco será palestras e atividades que vão esclarecer dúvidas e falar
de prevenção”, informa Elaner.
A programação completa do calendário será discutida
juntamente com órgãos públicos. De acordo com a assistente social da ACC,
Regina Marques dos Santos, o tema será debatido, durante essa semana, em
reuniões realizadas na prefeitura. O estudo que vai divulgar a incidência de
câncer no município ainda não tem data definida para ser publicado.